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29 fevereiro 2008

... your laughter ...



Take bread away from me, if you wish,
take air away, but
do not take from me your laughter.

Do not take away the rose,
the lance flower that you pluck,
the water that suddenly
bursts forth in joy,
the sudden wave
of silver born in you.

My struggle is harsh and I come back
with eyes tired
at times from having seen
the unchanging earth,
but when your laughter enters
it rises to the sky seeking me
and it opens for me all
the doors of life.

My love, in the darkest
hour your laughter
opens, and if suddenly
you see my blood staining
the stones of the street,
laugh, because your laughter
will be for my hands
like a fresh sword.

Next to the sea in the autumn,
your laughter must raise
its foamy cascade,
and in the spring, love,
I want your laughter like
the flower I was waiting for,
the blue flower, the rose
of my echoing country.

Laugh at the night,
at the day, at the moon,
laugh at the twisted
streets of the island,
laugh at this clumsy
boy who loves you,
but when I open
my eyes and close them,
when my steps go,
when my steps return,
deny me bread, air,
light, spring,
but never your laughter
for I would die.

Pablo Neruda

28 fevereiro 2008

... not big enough ...




Está cheia a Lua, dos meus e dos teus sonhos.
Cheia de infindáveis esperanças e melancólicos suspiros.
Mas nem toda a Lua cheia, consegue comportar todo
o desejo que tenho de ti.

27 fevereiro 2008

... wrong ...




“Cega e crente” dificilmente voltaria a amar desta forma. Sabia que isso não voltaria a conseguir fazer, deixar-se ir na espiral de emoções e desejos, na sucção de expectativas e ilusões. Não que ponderasse colocar entraves mas porque simplesmente já tinha perdido toda a ingenuidade necessária para tal. De qualquer forma, não era isso que a preocupava.

De todos os medos possíveis e naturais - vicissitudes do que já passara – entre todos os medos que poderia sentir de não voltar a amar, de não conseguir entregar-se novamente, de não querer investir sem certezas – e essas nunca as temos – tinha sobretudo um medo (um medo que pairava sobre si como um abutre paira sobre um semi-vivo): Medo de não amar tanto como já tinha amado e sub consequentemente, de ser feliz... mais do que tinha sido até aquela noite de Julho.


- Tenho medo de não voltar a amar como a amei.
Esse é o meu verdadeiro medo.
- Porquê medo?
- Porque nunca amei alguém assim, porque foi de facto o
máximo que alguma vez senti e nem se quer pensei que
fosse humanamente possível amar assim.
- È natural teres medo, mas por um lado ainda bem.
- Ainda bem? Tenho medo de ficar para sempre
enamorada dela, de não voltar a sentir a felicidade
que com ela senti, medo de não sentir que
possivelmente o infinito até possa existir e achas bem?
- Não vais gostar de ouvir isto que te vou dizer...
- humm... mas diz... provavelmente preciso de o ouvir
- Não achas que a amas-te de forma errada?
Perdes-te de ti nesse amor e queres voltar a amar assim?


A pergunta levou-a numa viagem de pensamentos e recordações, todas as possíveis num milésimo de segundo. Reminiscências dos encontros furtivos, dos momentos com nomes de filmes, do desejo sempre insatisfeito, as conversas de amor genuíno por fim encontrado e de quando se perdia no olhar da amada.

- Não dizes nada?
Acabei de te dizer que a amas-te de forma errada.

A pergunta desviou-a das suas recordações e questões pessoais. Somente para voltar a elas com mais força e em temor recordar a conversa com a sua amada, aquela que tinha dado início ao fim da sua dedicação, a mesma que a fez perceber que todo aquele investimento, todo aquele sentir, não tinha passado de um erro crasso. O maior de todos. Mesmo assim, haveria uma forma errada de amar? Como é que isso nunca lhe tinha ocorrido, haveria mesmo uma forma errada de amar?

... a&e ...



It's a blue, bright blue Saturday, hey hey
And the pain is starting to slip away, hey hey

I'm in a backless dress on a pastel ward that's shining
Think I wan't you still
But there may be pills at work

How did I get to accident - emergency?
All I wanted was you to take me out high
And I was feeling lonely, feeling blue
Feeling like I needed you
Like I hope'd you'd call and hope'd you'd see me


A&E - Goldfrapp




26 fevereiro 2008

... aspiration ...




Um outro cenário, outras moradas, outras músicas.
Embora o afirmasse com sinceridade, no seu intimo sabia que as coisas não eram assim tão lineares, não seria apenas mais um cenário ou morada. Não seria assim tão superficial, tinha esperança que assim não fosse.

Afinal de contas já tinha sentido na pele o que é estar apaixonada, amar e também perder.
Já o tinha sentindo intensamente com tudo o que era e mais tarde no que sobrou de si, pode ser que venha o vazio, mas se vier é porque algo está cheio. Ela gostava desse sentimento de cheio, de repleto, inundada, diria mesmo afogada em emoção ainda que mais tarde viesse o tal vazio.
Tudo na sua vida era vivido com paixão, o trabalho, a família, os amigos, os hobbies e que mal haveria em querer uma paixão amorosa? Interrogava-se sentindo que não há melhor paixão na vida do que aquela que se sente por uma mulher.


- Acho um desperdício.
- Um desperdício?
- Sim. Acho que é um desperdício de tempo investir numa relação, apostar em algo com um pessoa para depois tudo acabar. Estou saturada disso, dos jogos, dos filmes...
- Falas assim porque não estás apaixonada. Quando estiveres nem vais reparar e vais voltar a apostar tudo de novo. Sabes que é assim.


E sabia. Sabia que no estar apaixonado há um manto de encantamento que nos enfeitiça. Julgamos que protege o nosso amor, mas no fundo trata-se apenas de um efeito mágico onde perante o nosso objecto de amor não há outro passado antes dele, não há presente ou futuro sem ele. É ele o único. Com certeza que voltaria a sentir-se enfeitiçada, disso tinha certeza apenas duvidava se voltaria a ser cega e crente.

25 fevereiro 2008

... peril ...



- Vou magoar-te.
- Quem te disse que não sou eu que te vou magoar?
- Ninguém
- O que te leva então a dizer que me vais magoar,
porque não dizes que te vou magoar?


Parecia-lhe justo. Avisar que ela iria ser mais uma numa lista, uma lista que não deveria de existi, pelo menos não assim tão longa, feita de enganos e precipitações, de ilusões e vazios.
Parecia-lhe apenas necessário como se valesse de alguma coisa este ou aquele aviso. Na paixão não existem avisos, não existem escolhas, apenas um caminho. Leve ele onde nos levar, durante o tempo que nos é dado, no espaço que nos é possível.

- Achas que o devemos de o fazer?
- Fazer o quê?
- Apaixonar-nos.
- Temos opção? Quer queiramos, quer não, vai acontecer.
Depois logo se verá.

- Logo se verá o quê?
- Se passa a amor. Apaixonarmo-nos é fácil,
difícil é depois da paixão acontecer o amor.
Posso apaixonar-me, não duvido que isso aconteça.
Mas e será que vou amar?

- Não podes responder a isso sozinha.
Não crês que a outra pessoa tenha algo a dizer?
- E se a outra pessoa já estiver cega de amor?
- Porque não te deixas ir também, cega?
- Ir também? Ir pelo caminho de sempre?
Embora com outro cenário, outras moradas,
outras músicas no pano de fundo
mas que a levam sempre ao mesmo local,
ao mesmo fim, às mesmas lágrimas,
à mesma solidão?

24 fevereiro 2008

... dawn ...



Acorda o dia sem rastos da noite,
Não há cheiro nestes lençóis,
Não há cor nem calor,
Nesta cama solitária de ti.

Vem azul o despertar sem um toque teu,
Vem fria, pesada, já longa a recente manhã,
sem ar que preencha o coração,
sem um olhar que prenda o corpo.
Dia após dia, esta jornada vulgar,
onde nada faz o sangue latejar.

Uma existencial banal, esta espera mortal
Por um pouco de fervor, por um pouco de ti.

21 fevereiro 2008

... music ...



Há felicidade em muitas das coisas que me rodeiam. Em pessoas que gosto, em pequenas descobertas, neste ou naquele pedaço de conhecimento, neste ou naquele prazer aguçado, nesta ou naquela música nova. Música...

Por vezes existem momentos de grande infelicidade. As datas são uma coisa macabra, caem sempre no mesmo dia. Quer estejamos preparadas para elas ou não, mesmo que seja o nosso aniversário... por vezes tudo é tão irracionalmente frágil, tão dolorosamente solitário.
Tudo em redor é um peso, uma sucção do que não já não tenho para dar. Um imenso nevoeiro que paira sobre o horizonte e que entorpece as banalidades do dia a dia.

Tudo é banal sem o amor.
Mas a tristeza também passa.
Uma música, um momento, um pensamento que me restituí algum bem-estar, algum contentamento. Pelo menos triste não estou e é uma lufada de ar fresco que me impele a sonhar novamente acordada, franzir a sobrancelha e algo diz : “vai ficar tudo bem”.

20 fevereiro 2008

... interdependence ...







Love is not just an emotion people feel toward other people, but also a complex tying together
of the emotions that two or a few more people have;
it is a special form of emotional interdependence.

Baier (1991)

19 fevereiro 2008

... come and gone ...




Não tenho qualquer ilusão. O amor há-de chegar e há-de partir. Não é derrota à partida é a realidade e quanto melhor e mais depressa nos mentalizar-nos disso melhor.
Não existe uma vida feliz para sempre, é impossível ser-se feliz sempre. A felicidade está em momentos, não mais do que isso. Por isso tanto me importa que chegues e que partas, outras virão e as mesmas partirão em busca de outros beijos, outros aconchegos ... ou partirei eu.
Não tenho medo. Agora já não. Nem sei se um coração partido pode ser novamente amachucado?
Será que pode?

... no more I love you´s ...




Do be do be do do do oh
Do be do be do do do oh

I used to be a lunatic from the gracious days
I used to feel woebegone and so restless nights
My aching heart would bleed for you to see
Oh, but now I don't find myself bouncing home
Whistling buttonhole tunes to make me cry

No more I love you's The language is leaving me
No more i love you's changes are shifting
Outside the words
No one ever speaks about the monsters
I used to have demons in my room at night
Desire, despair, desire So many monsters

No more i love you's
The language is leaving me
No more i love you's
The language is leaving me in silence
No more i love you's
Changes are shifting outside the words

And people are being real crazy
And you know what mommy?
Everybody was being real crazy
And the monsters are crazy.
There are monsters outside

Do be do be do do do oh
Outside the words

No more I love you´s - Annie Lennox




17 fevereiro 2008

... day ...


Em tempos navegava por rios e oceanos, explorava florestas e clareiras, saltava desta ou daquela montanha, percorria tudo o que fosse possível.
Em tempos carregava esperanças, sonhos, idealizações que erguia tal como um castelo em cada paragem. Nesta ou naquela margem, neste ou naquele porto, aqui ou em qualquer lugar que me tomasse nos braços.

Havia alturas em que soltava as amarras mais confiante e determinada, como quando amarrei os laços das emoções naquela barra. Em outras alturas – felizmente raras – partia com a dúvida se alguma vez voltaria a ser tão feliz como tinha sido até ali, até aquele regaço, aquele olhar em todos aqueles momentos no lugar que deixava.

Não era falta de amor. Não da minha parte.

Entre seguir as estrelas - essas que davam nome a sonhos – e lutar para não se deixar ir no abismo da desilusão, ficou a descoberta de que o amor não é tudo. Não esse amor.
Passaram os anos, repetem-se as luas, maré a maré as ondas marcam o ritmo no casco e trazem este estado de monotonia.


Mais um ano.
Mais um rasgado do calendário, sem história, sem fervor.
Mais um para guardar entre os anos perdidos, sem vida, sem cor.

Mais uma página.
Apenas mais um dia, mais lágrima menos dor.

Um dia, igual aos outros,
Do anoitecer que vem sempre tarde,
Da madrugada que teima em chegar ...

para ainda mais um dia.
Uma merda de dia.

15 fevereiro 2008

... feast of love ...


"They say that when the Greek gods were bored,
they invented human beings, but they were still bored.
So, they invented love. That wasn’t boring ...
so they tried it on themselves.
Finally, they invented laughter, so they could stand it.”
The feast of love - Charles Baxter

14 fevereiro 2008

... i love this blog award ...


O dia de hoje é mais um data empolada comercialmente. Só pensa assim que não tem um amor. Todas as outras sentem-se felizes por ter mais uma data para celebrar. Sem fugir ao tema, espírito e estética deste blog, neste dia decidi premiar os blogs que amo. Aqueles que visito todos os dias, que respiro, que me inspiram, que me tranquilizam ou que me fascinam.

Assim e sem mais demoras os blogs vencedores da primeira edição I Love this blog award são:

Dentro do copo vazio – Para que já o lê, dispensa qualquer tipo de apresentação. È lindo, aberto e emotivo.
My precious thing – A estética e a forma como as palavras flúem fazem deste blog uma pérola da blogesfera.
Post it out – Uma catarse uma escrita envolvente que é apaixonante de se acompanhar.
Lésbica simples ou com gelo – A referência diária de qualquer lésbica que se preze. O verdadeiro portal lésbico português.
Sex and the Suburb – Humor caustico vestido de cor de rosa. Lamentavelmente não é actualizado regularmente.

Menção Honrosa para:
O efeito placebo – O blog mais jovem do grupo mas que é já um grande candidato a grandes posts.

Os blogs vencedores poderão ostentar nas suas páginas o prémio do blog A difícil arte de amar, nomear outros 5 vencedores e uma menção honrosa. Na atribuição do prémio deverão de justificar o porquê das suas escolhas, bem como estas directizes de atribuição do prémio.



Parabéns aos vencedores. Bons blogs, merecem bons prémios!

13 fevereiro 2008

... moment ...


Quando falo de amor, posso dizer que falo de coração cheio. Poderia morrer daqui a pouco sentindo que amei e fui amada.
Não importa quanto tempo durou, na certeza porém, foi intenso. Não importa se mais tarde veio a sensação de ilusão e as incongruências da pessoa, mas enquanto aconteceu - cada um dos amores - foi real, foi verdadeiro, foi sentido. Existiu e viveu-se cada um como se fosse o primeiro, como se tivesse sido o único. Porque no amor, como em tudo, o que importa é o momento e a vontade também.

Quando chegares, deixa-me calar-te a boca com os meus lábios quando falares em eternidade e em para sempre. Aceita que abrace os teus sonhos, mesmo que não venhamos a realiza-los juntas. Porque no amor, como em tudo, o desejo também vive num momento.

12 fevereiro 2008

... chat ...



A – Achas que ela lê o teu blog?
Eu – Ela?? ela quem?
A – a tua ex, aquela de quem falas no blog?
E – ahh ... sei lá. Não sei. Nunca pensei nisso. Não escrevo para ela ou para os outros. Escrevo para mim. Para mapear o meu percurso, por isso não respondo aos comments no blog. Leio-os, aprecio, gosto quando comentam, mas não respondo porque este blog não tem dois sentidos.
A- Seja como for, acho que é preciso coragem.
E – Coragem? Coragem em que sentido?
A- No sentindo de que estás a expôr-te, o que sentes e que ela pode ler.
E – Pois, olha nem sei o que te diga. É-me indiferente o que ela pensa. De qualquer forma é passado. Tenho a certeza absoluta de que para ela sou algo oculto, sem importância, um dano colateral. Alguém que nem numa amizade soube ou teve vontade de investir, por isso que siga o seu caminho. Que seja feliz é o que lhe desejo.
A – Sentes mesmo isso?
Pausa
E – Não sei se infelizmente... ou felizmente ... mas sinto mesmo isso.

11 fevereiro 2008

... addiction free ...


Estar feliz é preocupante.
Não que esteja mal, não. Não sou desse tipo de pessoas felizes sempre à espera de quando acaba.
Acho de alguma forma preocupante porque é algo novo. Nunca me senti assim feliz sozinha.
Por isso penso.

Analiso o porquê desta felicidade e chego à conclusão de que é a felicidade de estar livre de um vicio, do vicio de amar. Como o ter feito uma desintoxicação e estar a conseguir manter-me limpa, de ser tentada e mesmo assim não cair na tentação. È isso que me faz feliz, o ter conseguido crescer.

10 fevereiro 2008

... happy ...


Feliz. Estou feliz.
Nunca pensei que o viria a sentir ou a dizer estando “solteira”, mas a verdade e o melhor de tudo é que estou … feliz.

Família querida, excelentes amigos, dois extraordinários cães e um fantástico emprego novo, servem neste momento de mote para que me sinta radiantemente feliz.
Depois de um dia longo e diversificado, dou por mim a conduzir para casa e a sorrir. Não me lembro da última vez que isto tenha acontecido.

Não importa onde estás ou quando chegarás meu amor, espero por ti e espero feliz.

08 fevereiro 2008

... song ...



Where is my love?
Where is my love?
Horses galoping, bring you to me

Where is my love?
Where is my love?
Horses runnning free, carry you and me

Where is my love?
Where is my love?
Safe and warm, so close to me
In my arms finally
There is my love
There is my love
Horses galloping, bringing you to me

Where is my love?
Where is my love?

Cat Power - Where is my love

06 fevereiro 2008

... poem ...


Amor que morre


O nosso amor morreu... Quem o diria?
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!


Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre... e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...


Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos pra partir.


E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De que outro amor impossível que há-de vir
Florbela Espanca

... make no mistake ...


Não é que não queira apaixonar-me de novo. Porque quero. Não é que não queira amar novamente. Porque sei que voltarei a faze-lo. Mas já não sinto urgência. Não o sinto nem em relação a conhecer pessoas, nem em a proporcionar que tal aconteça.

Não comentam erros acerca da minha pessoa. Não sou a vossa típica apaixonada e romântica. Não mais. De tanto que tenho de bom, tenho de menos bom. E vai ficando pior. Cada vez mais independente, mais confiante do que quero e mereço. Se não o tenho ou encontro, a vida vai, agradavelmente, passando por mim.

Prepare-se quem quiser atravessar o meu caminho, conquistar o meu coração, dividir a minha atenção. Corresponderei ao seu amor com a força de um impetuoso caudal, com a intensidade de um oceano e sem sombras de dúvida com a paixão e o fervor de uma Lua de Beltane. Mas não se iludam nem me iludam, porque tal como um dia tudo começou no outro… tudo pode acabar.

02 fevereiro 2008

... the end ...


A cidade não é assim tão grande e o gueto é ainda mais pequeno. Mas ainda assim, escapaste-me por entre os dedos. Como sempre aconteceu.

Houve alturas em que tinha isto e aquilo para te explicar, depois houve a altura em que nada disso mais importava. E agora o momento em que tudo calei e simplesmente te deixei passar.
Despedi-me de ti. No local que ficou único, no momento que sempre me fez sorrir. E parto em paz.
Não tenho mais palavras para ti. Não te desculpo, nem te culpo, tudo em ti é-me indiferente. Como se no momento em que morri, tu tivesses morrido comigo. Gostava de ter guardado algo. Uma emoção, um olhar, um dia, uma palavra, mas ficou tudo vazio de ti como numa espiral de escuridão mais intensa que qualquer fonte de luz.

Não procures segredos no meu olhar, não procures cumplicidade, nem passado. Depois do teu amor corrosivo e viciante ficou a noite e nela fui cosendo um novo ser. Não existe nada em mim que tu conheças. Tudo é novo, tudo é diferente do que alguma vez já fui. Hoje sou a escolha que fiz ao amar-te, a escolha que fiz ao deixar-te e todo o tempo entretanto.
Se fiquei melhor por te ter conhecido, só o tempo o dirá. Gostava de acreditar que sim. Que tanto eu como tu, tínhamos ganho algo uma com a outra.

Fui duro demais, custou-me muito aceitar e compreender... porque houve de facto momentos de puro … amor.

The End