
A cidade não é assim tão grande e o gueto é ainda mais pequeno. Mas ainda assim, escapaste-me por entre os dedos. Como sempre aconteceu.
Houve alturas em que tinha isto e aquilo para te explicar, depois houve a altura em que nada disso mais importava. E agora o momento em que tudo calei e simplesmente te deixei passar.
Despedi-me de ti. No local que ficou único, no momento que sempre me fez sorrir. E parto em paz.
Não tenho mais palavras para ti. Não te desculpo, nem te culpo, tudo em ti é-me indiferente. Como se no momento em que morri, tu tivesses morrido comigo. Gostava de ter guardado algo. Uma emoção, um olhar, um dia, uma palavra, mas ficou tudo vazio de ti como numa espiral de escuridão mais intensa que qualquer fonte de luz.
Não procures segredos no meu olhar, não procures cumplicidade, nem passado. Depois do teu amor corrosivo e viciante ficou a noite e nela fui cosendo um novo ser. Não existe nada em mim que tu conheças. Tudo é novo, tudo é diferente do que alguma vez já fui. Hoje sou a escolha que fiz ao amar-te, a escolha que fiz ao deixar-te e todo o tempo entretanto.
Se fiquei melhor por te ter conhecido, só o tempo o dirá. Gostava de acreditar que sim. Que tanto eu como tu, tínhamos ganho algo uma com a outra.
Fui duro demais, custou-me muito aceitar e compreender... porque houve de facto momentos de puro … amor.
The End