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30 setembro 2008

... music ...



Ecoa de novo a música em mim.
É o amor a dedilhar a minha vontade, o meu desejo a minha necessidade.
Voltaram os acordes, as vozes e as letras. Tocam em uníssono ao timbre da pele e do músculo.

Não és alguém que me salva.
És a luz que me acolhe, o sopro de Anjo que me toca, o Amor que me deseja.
Como o último ponto da costura de uma ferida, como a última gota que fez transbordar o copo, és a selecção natural do coração ardente na esperança de vida no leito do amor.

Bebo cada gemido teu. Cada crença, cada confissão e cada sonho. Libertas-me do peso do mundo que insisto em carregar, de todos os fogos que não consigo apagar, mas sobretudo matas todo e qualquer medo de amar.

Nós somos o ciclo completo.
Pois, eu sou a noite e tu o dia.


29 setembro 2008

... tulips ...



Herchel – Podemos ir onde quisermos.
Druiel – Sim. Às vezes quando fecho os olhos e nos imagino,
estamos na Holanda, deitadas num campo vasto de tulipas.
Tulipas e mais tulipas até a vista se perder...
nós duas deitadas entre elas, lado a lado, mão na mão.
Eu e tu com as pernas entrelaçadas
a admirar as formas das nuvens num céu azul.


Haveria com certeza melhores palavras para descrever o estado de Druiel, porem, a palavra que mais lhe ocorria era: Radiosa. Pois era assim que se sentia. Como se o sol e a lua coexistissem dentro de si, aquecendo todo o seu corpo numa harmoniosa luz. Como se a água e os ventos se agitassem debaixo da sua pele, revitalizando todo o seu ser como cristas do rebelde do oceano.

Na realidade, mais do que radiante, Druiel estava profundamente surpreendida pela beleza e intensidade dos sentimentos que lhe afluíam no coração e na alma. Durante o seu retiro, por muito que acreditasse que voltaria a apaixonar-se, nunca lhe ocorreu a possibilidade de as suas expectativas virem a ser superadas. Não desta forma.

Não lhe importava se esta era a sua última oportunidade para ser feliz.
Até porque se assim pensasse, esta seria a segunda última oportunidade. O importante não era a contagem, mas sim, a oportunidade em si. O simples ponto de ter surgido. E como surgiu. Todos temos a fragilidade para sangrar, é certo. Mas temos de igual modo a capacidade para curar.

Destino ou não, com fé ou sem ela, a razão é de que se não nos rendermos ao que nos arrasta, moí e magoa, a vida reserva-nos momentos lindos.
Isto se nos atrevermos a vivê-la, a experimenta-la, a banhar-nos nela como se nada mais existisse.

Porque não existe.

24 setembro 2008

... in my sky at twiling ...





In my sky at twilight you are like a cloud
and your form and colour are the way I love them.
You are mine, mine, woman with sweet lips
and in your life my infinite dreams live.

The lamp of my soul dyes your feet,
the sour wine is sweeter on your lips,
oh reaper of my evening song,
how solitary dreams believe you to be mine!

You are mine, mine, I go shouting it to the afternoon's
wind, and the wind hauls on my widowed voice.
Huntress of the depth of my eyes, your plunder
stills your nocturnal regard as though it were water.

You are taken in the net of my music, my love,
and my nets of music are wide as the sky.
My soul is born on the shore of your eyes of mourning.
In your eyes of mourning the land of dreams begin.



Pablo Neruda

... falling ...





Tal como a música que desenvolve o seu ritmo, de compassado a um bass tremble mais elevado, a melodia que o meu corpo dança é uma nota com o teu nome, com a tua voz e o teu querer em mim.

Vou desprendendo estas amarras
que impedem o coração de sentir.
Lentamente, uma a uma, caiem por terra
com elas, um a uma os medos e as inseguranças.
Amarras á deriva que me levam junto de ti.

23 setembro 2008

... enlightenment ...





A crescendo drum beat on my veins
Slow rhythm, growing in intensity and desire.
Long longing pulsing on my mind.
The sorrowed strong voice is shouting up
Instead, this warm feeling when I breathe,
When I sleep.

It feels like a heart to admire, to follow
Maybe to surrender too.
A light to hold up close to my soul.
As thus, you arrived into my life
With a light.
Surrounded in brightness
Like a star.

A darling, new dawn
you are.


22 setembro 2008

... grow ...



At last someone worthy


21 setembro 2008

... lighter ...




Terá sido o isqueiro original – exquisite mesmo – ou terá sido o facto de que ela lhe tenha acendido o cigarro, em vez de passar-lhe o isqueiro para a mão.
Druiel não conseguia colocar um pin no que a fez reparar em Herchel. Já a tinha visto antes e já tinham trocado algumas palavras. Mas foi naquele momento em que lhe acendeu o cigarro que Druiel realmente deu pela sua presença.

Por muito que queiramos controlar o rumo dos acontecimentos estes são sempre novos e os elementos também. Nada mais podemos desejar que fazer melhor numa próxima vez.
Quanto a Herchel era uma situação nova em todos os sentidos. Uma novidade acutilante, é certo, mas para Druiel era também um grande sentido de oportunidade. Melhor do que algo novo e bom, era o tipo de ser que poderia entrar agora na vida de Druiel.

Herchel.
Foi só após alguns dias do encontro que Druiel se lembrou onde tinha visto - pela primeira vez - o nome Herchel. Tinha sido numa loja de livros e outras coisas mágicas, em Covent Garden, onde numa das suas visitas de inverno desfolhou um livro sobre o amor, os anjos e onde Herchel aparece como sendo o anjo do afecto, da generosidade do amor e protecção.

Quanto mais conhecia Herchel mais sentido fazia.


... under pressure ...


Mm ba ba de
Um bum ba de
Um bu bu bum da de
Pressure pushing down on me
Pressing down on you no man ask for
Under pressure - that tears a building down
Splits a family in two
Puts people on streets
Um ba ba be
Um ba ba be
De day da
Ee day da - that's o.k.
It's the terror of knowing
What this world is about
Watching some good friends
Screaming 'Let me out'
Pray tomorrow - gets me higher
Pressure on people - people on streets

Day day de mm hm
Da da da ba ba
O.k.
Chippin' around - kick my brains around the floor
These are the days it never rains but it pours
Ee do ba be
Ee da ba ba ba
Um bo bo
Be lap
People on streets -
ee da de da de
People on streets -
ee da de da de da de da
It's the terror of knowing
What this world is about
Watching some good friends
Screaming 'Let me out'
Pray tomorrow - gets me higher high high
Pressure on people - people on streets
Turned away from it all like a blind man
Sat on a fence but it don't work
Keep coming up with love
but it's so slashed and torn
Why - why - why ?
Love love love love love
Insanity laughs under pressure we're cracking
Can't we give ourselves one more chance
Why can't we give love that one more chance
Why can't we give love give love give love give love
give love give love give love give love give love'
Cause love's such an old fashioned word
And love dares you to care for
The people on the edge of the night
And loves dares you to change our way of
Caring about ourselves
This is our last dance
This is our last dance
This is ourselves
Under pressure
Under pressure
Pressure


20 setembro 2008

... foreplay ...




È estranho pensar em enamoramento, em amor, em paixão, em corpos suados, telefonemas carinhosos.
Para isso é preciso alguma dose de ingenuidade e essa em mim, morreu. Caiu um véu, rasgou-se um portal para uma outra realidade, onde, a felicidade é sempre tão fugaz.

Amor?
Esgotou-se.
Esgotou-se em mim, aqui e acolá, nas paredes do meu quarto.

Gastei o que sobrou em mim. Gastei a pegar os pedaços das minhas decisões, da minha culpa, dos meus erros, a estruturar o que ficou e o que foi nascendo dentro de mim, gastei a conhecer-me e amar.

Tudo o que tenho feito até aqui - o que tenho pensado, como tenho curado - tem sido sempre a pensar em não repetir os mesmos erros. Tem sido para erguer barreiras, para ter uma percepção por detrás das máscaras e claro, claro … para proteger o meu coração.

Os preliminares são importantes em tudo.
Mas alguns são como armadilhas que nos fazem querer perder o controlo.
É tão estranho pensar neste jogo perigoso, em sorrisos, em perfumes e em conversas que continuam quando as pessoas já se despediram. Este analisar cada atitude, cada reacção, cada olhar, cada toque quando antigamente havia mais ingenuidade para acreditar.

Não sei o que tenho para dar.
Confesso.

Foto de Helena Vasconcelos

16 setembro 2008

... bohemian ...



Tinha-me esquecido de quão bela era a noite.
Quão surpreendente é a sua estrada de incertezas. Sorrisos incandescentes a cada cruzamento. Janelas para portas que não sabemos se queremos abrir.

Agora que reparo nisso, reparo também que não tinha dado por falta.
Como poderei ter-me esquecido de algo que não me quis lembrar? Ou vivê-lo?

Sempre soube.
Ainda que não me tivesse esquecido da sua beleza, já não me recordava do que era vivê-la, mas sempre soube onde encontrar a boémia noite. A noite onde as mulheres têm formas e roupa a condizer, onde as conversas são muito mais do que palavras inspiradas em sonhos ou desejos. Onde a batida inflama os nossos medos até à combustão ou não.

As minhas noites eram o suplício da fuga de quem sofria em silêncio.
Nas minhas noites escondia-me de predadoras incautas, de submissas desesperadas
E do teu olhar.

12 setembro 2008

... afraid ...




Druiel - Can I be honest with you?
Wait. What I mean is: Can I open my heart to you?
What I really want is to verbalize one concern, a feeling that I´ve never felt before… what I meam is: The last thing I need is to be judged, assured or repreended.

Noom - Druiel, darling, did I ever?

Slow tears come down from Druiel´s eyes. Tears of pale redeption, submission even. Looking down to the floor her shoulders seemed to bear the weight of surrender. She said with no hope:

D - I am afraid.

A wall of silence surrounded them. Neither Druiel or Noom dare or even wished, nor to ear a sound, nor to produce one. Their thoughts were equally silent.
Silent cold, that´s all.
Was only after a while that Druiel´s eyes gave same sort of speaking consent and Noom asked:

N – Ok. Afraid of … ?
D – Afraid of … (sights) … Afraid of breaking my heart again.
I´m afraid of pain, that pain that I felt. It´s way too strong, too cutting, dark, consuming. Ohh no, I couldn´t feel that all over again. Ever. You see? Ever.
Noom, don´t say a word. Sshhhh … I know what you´re gonna say.

This time the silence was less deep. And shorter by that matter.

N – I´m not thinking, I´ll not speak, I´m just here for you. Ok? Whatever you need.
D- Nice … ok ... I have read and listen all that craps You-can´t-feel-if you-don´t-live-and-you-don´t-live-without-chances stuff and I understand and agree and all of that but: I Am Just Too Fucking Scared to give the first step. ok? I Am Just Too Fucking Scared and blimey if Am I not allowed to it!

Druiel paused for a few seconds to regain breath. She was much calmer, less strained, less cautelous, more at easy but she still couldn´t engage with Noom´s eyes. She was also afraid off surrender to Noom.

D – You see I do know what to do, and how to do, but it doesn´t mean that I´m fearless. Because I´m not.
N – I understand.
D – Do you?
Leave it. Doesn´t matter. It´s okay.
N – Sure.
D – Thanks.
I mean it. Thank you so much for this. Sometimes its better when you verbalize your thoughts, your feelings. It´s funny how they start to diminuish… but for that matter you do need to find a good listener.

11 setembro 2008

... How many? ...



"Phyllis, when you break up with a lesbian, you need to break up more than once!"
Bette para Phyllis - L Word Season V

Não havia por onde fugir – até porque fugir nunca resolveu fosse o que fosse – mas por vezes é quando mais nos submetemos que aparece a redenção e por estranho que lhe parecesse quanto mais dizia que ainda amava Darbia, mais alto falava a sua voz interior, mostrando-lhe de que afinal não amava mais Darbia do que outras pessoas especiais na sua vida.

Quantos acordares são precisos
Para despertar deste sono latente,
Introvertido deste solitário entorpecedor.

De tanto que te queria
Não via que era só
A ideia de ti que me consumia.

Quantos Adeus são necessários,
Quantas portas fechadas,
Para encerrar este vicio de ti.

10 setembro 2008

... love it ... Stendhal






"I am trying extremely hard to be dry. My heart thinks it has so much to say, but I try to keep it quiet. I am continually beset by the fear that I may have expressed only a sigh when I thought I was stating the truth."


Stendhal
Heart is a lonely hunter



PS. Bear with me while I find my saying.!
Druiel

09 setembro 2008

... trying ...


" The day we stop resisting our instincts,
we´ll have learned how to live."

Federico García Lorca

07 setembro 2008

... honesty ... or cards on the table.




Se lhe perguntassem qual a causa nº 1 para o rompimento das relações amorosas a sua resposta, seria, sem hesitação: Honestidade, ou pelo menos, a falta dela.
Mais importante ainda, a falta de honestidade para connosco. Para nós em primeiro lugar.

Para Druiel, essa era a verdadeira causa de tantos dissabores, infortúnios e de todas as feridas de cada relação terminada. Por vezes tratou-se de falta de honestidade para consigo própria, no entanto, o mais violento foi quando a honestidade faltou na essência do objecto do seu amor.

Analisar para não voltar a errar. Era este um dos seus passatempos. Encontrar conclusões, regras que evitassem a repetição de determinadas situações. Uma delas, apenas verbalizar sentimentos quando estes estivessem alinhados em honestidade mútua. De certo isto pouparia muitos dissabores.
Às portas de uma nova relação é apenas natural que uma pessoa explore os seus sonhos, desejos e expectativas. Porém, só os devemos de verbalizar quando estes estão em sintonia com a nossa honestidade, com aquilo que verdadeiramente somos e queremos.
Ahh que bonito! De facto também é lógica. Mas quanta razão tem a paixão?
Tudo se desmorona à mercê dessa paixão, desse fogo irracional, toda a lógica e razão também.


Honestidade?
A minha honestidade?
É uma porra mas ainda te amo.

Sejamos honestas,
Desejo-te toda a felicidade que estejas disposta a ter,
Mas estou farta de te ter no pensamento.
Farta de te equacionar, de saber que não és a pessoa
Que me merece, não para mim.
Farta de te dizer adeus, desta ou daquela forma
E na manhã seguinte, raios, lá estás tu outra vez.

Honestidade?
Sei que farás sempre parte do meu coração.
Vós fostes o amor… O Amor…
A tatuagem.
Mas quero o meu coração de volta.
Sem rancores, nem ódios.
Sem feridas … apenas desejo seguir em frente.

Honestidade?
Desde 25 de Abril de 2006 que todos os dias penso em ti.
Há 3,805 dias que navegas no meu pensamento.
3,805 dias... Há demasiado tempo.


O facto de que não havia ainda um dia em que Druiel não pensasse em Darbia consumia-a. Depois de toda a terapia, do perdão, do choro e da mágoa, causava-lhe – acima de tudo – preocupação ao perceber que Darbia ainda permanecia de uma forma latente dentro de si. Era como se fosse uma parte de si que não conseguisse arrancar.
Honestidade?
Druiel sabia porque não conseguia arrancar Darbia do seu coração.
Para esquecer há que esquecer o mau, sim, mas isso é fácil. O difícil era esquecer o bom. E houve realmente coisas boas, muito boas. Claro que a vontade de as esquecer era naturalmente pouca.

Druiel não se encontrava pronta para amar. Não seria justo envolver-se com outra pessoa enquanto não resolvesse dentro de si a situação “Darbia”. De resto Druiel encontrava-se apaixonada pelo seu projecto profissional, a sua empresa recém criada. Algo que a consumia praticamente todo o dia e parte da noite. De forma alguma havia espaço para uma paixão. Apaixonar-se seria algo completamente inapropriado.

- Não tenho nada para dar.
Afirmava para si própria e o não poder dar numa relação parecia-lhe uma equação fácil de resolver: Se não podes dar, logo não há relação.

E esta era toda a honestidade que lhe percorria o pensamento.