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28 março 2008

... awakening ...




Quem está de fora terá notado o brilho no olhar, a tal melodia na voz. Eu?

Eu notei que os meus olhos voltaram a ver.
Regressaram as cores, as formas e o poder de observação, mas sobretudo a vontade de apreciar.
Eu notei que o meu coração voltou a acreditar.
O rombo foi restaurado, as chagas fechadas e a tristeza desvaneceu-se levando consigo as brumas e com toda esta liberdade renasceu o desejo: “talvez seja possível”. Talvez.
Mas é bom voltar a sentir que há hipótese de um dia acontecer.
Notei, também, que a libido acordou.
Tenho vontade de tocar e de ser tocada, saudades da luxúria e da decência, mas sobretudo desejo de prazer.

Se bem que todos estes acordares sejam positivos e de salutar o que verdadeiramente me faz feliz e estar em paz com a vida é o recordar de como aqui cheguei - ou pelo menos - o que me susteve durante esta fase: a recusa em me entregar ao desespero, mas sobretudo a calma paciência para com a dor.

Por muito que queiramos, por muito que nos pareça certo, nada nem ninguém nos pode garantir o sucesso de uma relação amorosa. Porém estou disposta a tentar, a investir … de novo.



Se sentir que a pessoa saberá receber
o que tenho para dar.

27 março 2008

... wish ...


Desejo essa tua mão fogosa
No meu corpo sedento
A queimar-me de desejo
A cada toque teu.

25 março 2008

... stranger ...


Dizem que voltei a ter um brilho nos olhos, comenta quem me conhece que voltei a ter música na voz. O caso não é para menos, a sensação de vitória é revitalizante. Não se trata de uma vitória sobre esta ou aquela pessoa, sobre esta ou aquela situação, mas de vitória por ter ultrapassado uma fase dolorosa… longamente dolorosa. Sentir que sobrevivemos a algo tão sofredor, que passamos pela agonia do vazio e que ultrapassamos tudo sem chagas abertas ou frágeis cicatrizes.

Depois do confronto ficou a liberdade e não sei se ainda não estarei a comemorar o alívio que ficou, a paz que entrou no meu coração, pois, a serenidade é total. Já não tenho receio de ir a este ou aquele lugar, já não tenho medo da música que vem a seguir no rádio. Recordo quando certas e determinadas músicas apareciam nas ondas do éter, ou no background de uma loja qualquer e parecia que me perseguiam fazendo-me recordar o que não queria lembrar ou provocando choro compulsivo antes do primeiro refrão. Agora ouço-as e sorrio ao pensar na dor que sentia, na angustia que me lavava a cantar e a chorar ao mesmo tempo, alto, descompassadamente, sofredoramente, porque ali ninguém me ouvia, ninguém sabia o quanto ainda podia e precisava de chorar.

Mas, como toda a gente sabe, como já aqui foi dito algures num outro post qualquer, o Tempo é milagroso. Pessoalmente acho verdadeiramente extraordinário quando alguém que amámos verdadeiramente, que desejávamos como se não houvessem mais amanhãs para amar, como se não houvesse sorriso mais resplandecente… amar e querer uma pessoa assim, conhecer cada curva do seu corpo, saber o que diz cada silêncio para mais tarde essa mesma pessoa se tornar uma estranha. Uma estranha numa explanada, num bar, num passeio de uma qualquer rua, apenas mais uma pessoa, sem nome, sem cheiro ou sabor.


É bizarro, é de lamentar mas neste caso,
ainda bem que assim foi.
Só assim poderia continuar a viver a minha vida
e tinha razão.

22 março 2008

... hold still ...


In this little town
cars they don't slow down
The lonely people here
They throw lonely stares
Into their lonely hearts

I watch the traffic lights
I drift on Christmas nights
I wanna set it straight
I wanna make it right
But girl you're so far away

Oh, hold still for a moment and I'll find you
I'm so close, I'm just a small step behind you girl
And I could hold you if you just stood still

I jaywalk through this town
I drop leaves on the ground
But lonely people here
Just gaze their eyes on air
And miss the autumn roar
I roam through traffic lights
I fade through Christmas nights
I wanna set it straight
I wanna make it right
But man you're so far away

Oh, I'll hold still for a moment so you'll find me
You're so close, I can feel you all around me boy
I know you're somewhere out there
I know you're somewhere out there

Oh, hold still for a moment and I'll find you
You're so close, I can feel you all around me
And I could hold you if you just stood still
Oh, I'll hold still for a moment so you'll find me
I'm so close, I'm just a small step behind you
I know you're somewhere out there
I know you're somewhere out there
I know you're somewhere out there

David Fonseca & Rita Redshoes - Hold Still


21 março 2008

... resurrection ...


Quase que choro de felicidade.
È quase impossível conter todo este estado de bem-estar extremo e todas as emoções que lhe precederam. Inesperadamente - e até que enfim – nós duas estamos no mesmo espaço… Apanhou-me mesmo de surpresa, vê-la ali no último local possível entre outros mais prováveis. Agradeci o encontro. Ainda nervosa por ter sido apanhada de surpresa, ainda sem saber o que iria acontecer, ainda sem ter tido tempo para reagir, ainda assim … agradeci. Apesar de não fazer ideia de qual seria o resultado do encontro, seria um bom resultado. Mesmo que me fizesse sofrer, mesmo que me fizesse voltar ao vazio ou até mesmo à Psicoterapia, mesmo isso … seria bom. Seria que teria que voltar atrás para sarar o que ainda não estava sarado e eu a pensar que sim.

Vi-a sem tormentos.
Observei-a sem raiva.
Contemplei-a sem desejo.
Analisei a pessoa com quem estava sem ciúme.
No fim, senti-me estupidamente feliz.

Se a ressaca do amor tivesse medalhas por etapas ultrapassadas, hoje sem dúvida merecia a de Ouro. È um alivio sentir que não estava errada quando me sentia curada deste amor. Foi como se o nevoeiro pesado tivesse desaparecido, o vento agora era poderoso e o mar mais infinito. Saber que posso passar por ela sem vacilar, sem que os olhos se encham de lágrimas, sem que o coração dispare de dor, sem lamentar beijos perdidos.

Agora sim sinto-me livre…
Livre para amar.

No caminho de regresso analisei cada momento do que se tinha passado, cada emoção minha, por cada vez que passei junto da mesa dela, por cada vez que olhei para ela, por cada vez que a senti a olhar-me e perceber que de facto já tinha arrumado aquele amor dentro de mim, estava resolvido e eu senti-me disponível para amar de novo. Não seria justo começar algo novo com alguém e ter situações mal resolvidas. Não seria justo nem para mim, nem para essa pessoa.
A minha vida tem tanto de dramático como de poético. Ao sentir-me realmente pronta para a vida, não pode deixar de reparar que estamos no fim de semana onde durante o qual os cristãos celebram a ressurreição de Cristo e pela segunda vez também eu tenho algo para celebrar. Estávamos na Páscoa de 1997 quando me assumi para mim própria. Mais tarde viria a dizer que nessa Páscoa celebrei a minha própria ressurreição e nesta celebro a mesma coisa. Para alguém a quem destruíram o coração, roubaram sonhos, que despiu-se de tudo em que acreditava e que aparece de novo pronta para tudo, creio que é de celebrar.

E agora é uma boa altura para cortar a franja e deixar de esconder os olhos!

19 março 2008

... you over there ...



"Do you think love is a trick nature plays on us to bring more screaming babies into the world or do you think it is everything... The only meaning there is to this crazy dream?"

Bradley in The Feast of love

18 março 2008

... thinking ...




Por vezes penso que ainda te dou demasiada importância. Isto a ter em conta
o quanto ainda penso em ti. Primeiro neguei.
Neguei qualquer pensamento teu, qualquer coisa que me fizesse lembrar de ti.
Ofusquei tudo o que sentia com um raio qualquer.
Porém estava destinada ao fracasso.
Depois pensei e repensei e remoí e desisti.

A parede de silêncio que entre nós erguemos não me permitiu comparar as minhas dúvidas e certezas emocionais. Parti para refazer o ser com a decisão de pensar que para ti eu fui uma nódoa, que sou alguém que esquecerás no tempo. Claro que poderia ter escolhido pensar que fui alguém que, apesar de tudo, guardarás num canto especial do coração, alguém que recordarás com ternura… Mas não. Não podia contar contigo para nada e muito menos para reconstruir o meu ser com base em algo que eventualmente pudesses sentir.
O corte tinha que ser radical.
Encontrei as respostas que precisava comigo mesma.
Perguntas que tinha para ti deixaram de fazer sentindo.

Esta escrita é a pedra ao mar de um processo. Um momento de restauro, por assim dizer.
Como se mais coisas tivessem sido clarificadas e pudesse e posso seguir mais confiante, nomeadamente, em determinados pontos que permaneciam...
impossíveis de compreender.

Tenho conversas comigo mesma onde procuro analisar os meus novos comportamentos e sentimentos, como se testasse a minha nova pele, os meus novos dedos e as minhas novas capacidades, para mais tarde constatar que se não tivesse sido por ti
nada disto que sou hoje existiria.
Daí que de vez em quando pense em ti.
Nada de mais.
E é bom pensar em ti e não ficar transtornada, é bom passar à tua porta e não tremer,
é bom sentir que te posso sentir e não ficar com o ser...
vazio.

16 março 2008

... your street ...



Em tempos a tua casa foi a minha segunda morada.
As pedras da tua calçada eram minhas conhecidas, tais como os montes de areia e gravilha das obras novas que se erguiam e o café da esquina (de pouco asseio) onde tomava um shot de cafeína antes de abrir mais uma noite contigo.
As nossas noites eram sempre longas.

Desde que seguimos caminhos diferentes o meu rumo não passava pela tua rua, até que recentemente já passei duas ou três vezes pela tua rua.
As obras já não são novas, mas de resto tudo permanece igual. Só que as pedras da calçada já não são minhas cúmplices e a tua porta é mais uma numa cidade esquecida.

14 março 2008

... strength ...


Entre aquilo que ouvimos falar, passando pelas experiências dos outros e acabando nos clichés que insistem em nos confortar, nada se compara à forma como o nosso eu se comporta perante as vivências pessoais.
Está gravado na lenda da humanidade, em livros, em filmes, em canções, em artigos de revista e sabe-se lá mais onde: “O que nos faz sofrer, torna-nos mais fortes”. Mas na realidade só quando o sentimos – como um rochedo dentro de nós onde edificamos o ser – só nesse momento e daí em diante, percebemos o quão forte nos tornámos. O quão inabaláveis permanecemos perante as contingências da vida.

É poderoso...
E é assustador.

11 março 2008

... it´s alive ...



Durante muito tempo andei à procura de mim. Tudo o que até ali tinha sido já não fazia sentindo. Desmistificaram-se os sonhos (até mesmo os tangíveis), as razões foram abaladas… os sentidos ridicularizados e durante muito tempo, não vivi. Sobrevivi, lutava apenas por manter a cabeça à tona de água.
Durante muito tempo dissociei-me do meu corpo. Tudo me era estranho, tudo me era agressivo e refugiei-me num sítio qualquer dentro de mim. Onde não existia nada mais do que névoa. Eu e névoa. As minhas mãos já não eram as minhas mãos, eram algo que eu utilizava emprestado. A minha cara, já não era a minha. As expressões já não me diziam nada. Nem medo, nem confiança, nem preocupação, nem alegria, nada.

O tempo é inquestionavelmente milagroso.
Demoroso, mas mesmo assim eficiente e a verdade é de que entre aquilo que ainda acredito e aquilo que comecei a acreditar de forma diferente, vai-se dissipando o ser estranho em mim para dar lugar a um novo ser. Um ser frágil, atento, determinado, arisco mas acima de tudo … Vivo.
Eu vivo.